Os Segredos da Esfinge 1
Decifra-me ou te devoro”. Esse era o desafio da Esfinge de Tebas. Ela eliminava aqueles que se mostrassem incapazes de responder a um enigma: “Que criatura tem quatro pés de manhã, dois ao meio-dia e três à tarde?”. Todos os que ensaiaram a resposta haviam sido estrangulados. Édipo acertou: “É o ser humano! Engatinha quando bebê, anda sobre dois pés quando adulto e recorre a uma bengala na velhice”.
A grande esfinge está situada na borda do planalto de Gizé, ao sul do complexo da Grande Pirâmide e perto do templo do vale da pirâmide de Kéfren (c. 2520 a 2494 a.C.), o qual fica à sua direita e que originalmente ficava junto ao rio Nilo.
Existe ainda o assim chamado templo da esfinge, uma estrutura retangular que fica situada diretamente à frente das patas dianteiras.
A figura, ao lado, excelente foto de copyright de Jon Bodsworth, mostra o corpo da esfingeque se localiza num eixo leste/oeste e para esculpi-la os operários escavaram um fosso ao seu redor, de tal maneira que hoje ela se encontra em uma depressão. A área livre ao seu redor estreita-se um pouco na extremidade oeste posterior.
Há uma elevação inacabada junto à parede traseira oeste ligeiramente acima do resto do piso da área que circunda a esfinge.
As pedras calcárias retiradas do local para criar a forma do corpo foram usadas para construir o templo da esfinge e o templo do vale, os quais a seguir foram revestidos com granito vindo de Assuão. A enorme figura é formada por um outeiro rochoso de pedra calcária que não foi usado pelos construtores da pirâmide de Kéops (c. 2551 a 2528 a.C.) na sua busca pela pedra necessária à edificação do monumento e que, na época de Kéfren, foi transformado em um imenso leão deitado com cabeça humana.
O templo do vale de Kéfren se liga a uma calçada que vai no sentido oeste/noroeste até suapirâmide. A calçada corre acima e ao longo da parede sul do muro que cerca a esfinge. O templo mortuário de Kéfren situa-se a leste da pirâmide deste faraó no planalto superior, atrás da esfinge.
A cabeça, voltada para o nascente, e a parte anterior do corpo foram esculpidos em rocha viva, completando-se o corpo e as patas com tijolos. Supõe-se que tenha sido revestida de uma camada de gesso e pintada. Seu comprimento é de 73 metros e 15 centímetros, sua altura de 20 metros e 12 centímetros e a largura máxima da face é de quatro metros e 17 centímetros.
Só a boca mede dois metros e 30 centímetros, enquanto que o comprimento do nariz pode ser calculado em, aproximadamente, um metro e 70 centímetros e o das orelhas é de um metro e 32 centímetros. Na cabeça traz um toucado real.
Quase nada resta atualmente da serpente Uraeus na testa e da barba no queixo, que eram outros símbolos da realeza do faraó.
Pensam os arqueólogos que a face representa o rei Kéfren e que tanto a esfingequanto os dois templos citados foram erguidos por ordem dele. Uma imagem, também provavelmente desse faraó, foi esculpida no peito, mas pouquíssimo resta dela.
Em diferentes épocas do passado, blocos pequenos ou grandes de pedra calcária foram aplicados para proteger ou revestir partes da figura, principalmente nas partes mais baixas do monumento.
Entre as patas estendidas do leão, existe uma grande laje de granito vermelho contendo uma inscrição que registra um sonho tido por Tutmósis IV (c. 1401 a 1391 a.C.), faraó da XVIII dinastia (c. 1550 a 1307 a.C.), antes de ascender ao trono.
Conta ela que certa vez, ao caçar, o príncipe resolveu descansar do forte calor do meio-dia à sombra do monumento e adormeceu. Na época a esfinge era idenfificada com o deus-Sol Harmakhis e este apareceu em sonho ao príncipe e lhe prometeu entregar a Coroa Dupla do Egito se o rapaz mandasse retirar a areia que havia quase que totalmente coberto o corpo da esfinge. Embora a inscrição esteja grandemente danificada em sua parte final, pode-se deduzir que Tutmósis IV realizou o que lhe foi pedido e, em recompensa, tornou-se faraó.
A palavra egípcia que designava a esfinge era shesep-ankh, que significa imagem viva, e que os gregos traduziram erroneamente por sphigx, que significa atar, ligar, uma vez que a esfinge é composta por um elemento animal e outro humano ligados entre si. Durante a XVIII dinastia ela foi chamada de Hórus no Horizonte e Hórus da Necrópole.
Na mitologia egípcia nos esclarece I.E.S.Edwards — o leão frequentemente figura como o guardião dos lugares sagrados.
Como ou quando essa concepção surgiu primeiro não se sabe, mas provavelmente data da mais remota antiguidade.
Como tantas outras crenças primitivas, foi incorporada pelos sacerdotes de Heliópolis ao seu credo solar, sendo o leão considerado como guardião dos portões do mundo subterrâneo nos horizontes leste e oeste.
Na forma de esfinge, o leão retém a função de sentinela, mas lhe são dadas as características humanas do deus-Sol Atum. Uma inscrição, que data de um período consideravelmente posterior ao tempo de Kéfren, põe as seguintes palavras na boca da esfinge:
Eu protejo a capela do teu túmulo. Eu guardo tua câmara mortuária. Eu mantenho afastado os intrusos. Eu jogo os inimigos no chão e suas armas com eles. Eu expulso o perverso da capela do sepulcro. Eu destruo os teus adversários em seus esconderijos, bloqueando-os para que não possam mais sair.
Uma possível razão para a identificação das características do deus-Sol com aquelas do rei morto pode ser a crença heliopolitana de que o rei, após a sua morte, realmente torna-se o deus-Sol. A esfinge gigante representaria, assim, Kéfren como o deus-Sol atuando como guardião da necrópole de Gizé.
Câmaras Ocultas na Esfinge
Assim como a possibilidade de existirem câmaras ocultas na pirâmide de Keops instiga a mente de pesquisadores, escritores, teóricos, místicos e do público em geral, o mesmo acontece com relação ao que poderia existir por baixo, dentro ou ao redor da esfinge de Gizé.
Há muito tempo se especula que devem existir túneis por sob a esfinge ligando-a com a Grande Pirâmide e com recintos nos quais estariam depositados segredos milenares.
O indício mais antigo que se tem da existência de eventuais construções por sob aesfinge está estampado na estela que Tutmósis IV (c. 1401 a 1391 a.C.) mandou fixar na frente do monumento e que vemos acima numa foto do Canadian Museum of Civilization Corporation (CMCC).
Ela conta que um dia, antes de subir ao trono, o futuro faraó, ao adormecer à sombra daesfinge depois de uma caçada, sonhou que a mesma lhe aparecia e pedia que removesse a areia que naquela época quase que a cobria inteiramente.
O que nos interessa no momento não é essa história propriamente dita, mas os relevos feitos no granito. Neles o faraó aparece fazendo oferendas diante da esfinge que, por sua vez, se apresenta assentada sobre uma construção complexa. Tradicionalmente os arqueólogos têm dito que o palácio gravado na estela é representação do templo que existe até hoje diante da esfinge.
A argumentação contra esse entendimento é o fato de que a forma do edifício representado na estela é totalmente diferente do templo da esfinge.
Além disso, as regras de perspectivas usadas pelos artistas egípcios fariam com que eles colocassem o templo diante da esfinge, como realmente ele está situado, e não abaixo dela.
Então, torna-se possível que a construção representada na estela por sob a esfingerealmente exista no sub-solo.Plínio, o naturalista romano nascido em 23 da nossa era e autor de uma História Natural composta de 37 livros, referindo-se à esfinge afirmou que os egípcios encaravam-na como uma divindade e que eram de opinião de que havia um rei enterrado dentro dela.
No século X da nossa época, cronistas árabes afirmaram que existem portas secretas naesfinge levando a salas com tesouros incalculáveis. Mais recentemente, na primeira metade do século XX, o místico Edgar Cayce afirmou que a Grande Esfinge era a guardiã do Salão dos Arquivos, ou pelo menos sua entrada, o qual continha os registros da história e da sabedoria da civilização perdida da Atlântida, trazidos para o Egito por seus sobreviventes.
Segundo ele, a esfinge e as pirâmides teriam sido erguidas não pelos egípcios, mas por essa civilização muito mais antiga, por volta de 10500 anos antes de Cristo, e as informações a respeito disso seriam um dia encontradas no subsolo daquela região. Poderia tudo isso ser verdadeiro?
Entre 1925 e 1936 foram realizadas algumas das escavações mais antigas dos tempos modernos naquele monumento, administradas pelo engenheiro francês Emile Baraize por ordem do Serviço de Antiguidades do Egito.
Durante esse período ele foi responsável por escavações da área que circunda a esfinge e removeu a areia que cobria não apenas essa área, mas a esfinge em si. A foto acima mostra como andavam os trabalhos em 1930.
Além disso, construiu um muro de retenção para ajudar a manter o monumento livre da areia do deserto circunvizinho.
Retirada a areia, ele percebeu que a esfinge estava muito dilapidada, crivada de grandes rachaduras e com muitos dos blocos usados nos reparos do período faraônico fora do lugar.
Foi quando realizava os consertos necessários que ele descobriu duas entradas: uma localizada na anca, bem ao norte do centro, e a outra na esquerda, ou seja, no lado norte do monumento, a meio caminho entre as patas dianteiras e traseiras.
Essa última entrada, partindo do nível do chão, conduzia a passagens subterrâneas que na realidade eram becos sem saída. Ele registrou essas descobertas em duas centenas de fotografias e selou as entradas com blocos de pedra e cimento.
Baraize também encontrou um poço profundo no topo da cabeça da esfinge. O buraco, quadrado, media aproximadamente um metro e cinquenta centímetros de lado e quase um metro e oitenta centímetros de profundidade. Talvez fosse destinado à fixação de um adorno para a cabeça da esfinge. Posteriormente todos esses achados foram praticamente esquecidos.
O assunto ficou adormecido até os anos 70 do século XX, quando várias restaurações e algumas pesquisas adicionais foram feitas na área da esfinge.
Esse trabalho continuou por dez anos, mas já durante a parte inicial do projeto um antigo operário que fizera parte da equipe de Baraize informou a existência de uma passagem na anca, ou seja, na parte posterior do monumento, assinalada na foto ao lado pela seta.
Ela foi investigada em 1980 pelos famosos egiptólogos Mark Lehner e Zahi Hawass. Eles informaram que a passagem, com pouco mais de um metro de largura e atingindo em alguns trechos um metro e oitenta centímetros de altura, subia e descia por uma extensão de cerca de nove metros, mas não conduzia a parte alguma e nada havia dentro dela de muito interesse.
A segunda passagem encontrada por Baraize, no flanco norte, também foi investigada, mas novamente se constatou tratar-se de um beco sem saída e sua entrada acabou sendo lacrada. Ainda havia a terceira passagem achada por Baraize na parte superior da cabeça da esfinge, a qual também foi investigada com pouco resultado.
Finalmente, um poço vertical desce através do corpo da esfinge a partir do topo da cintura. Trata-se, na realidade, do alargamento de uma grande fissura natural que corre através de todo o sítio da esfinge. Antes das restaurações modernas feitas no monumento, essa fenda se abria com mais de dois metros de largura ao longo do topo das costas do animal.
Em 1977 a equipe do físico Lambert Dolphin, da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, realizou pesquisa usando tecnologia de medição de resistividade elétrica em frente às patas da Esfinge, como vemos na foto ao lado, ao longo de seus flancos e diagonalmente na anca à esquerda. Na figura abaixo as linhas pontuadas mostram os locais das várias medições feitas.
Essa técnica, que era nova na época, envolve a passagem de uma corrente elétrica por eletrodos cravados na rocha.
Como resultado foram observadas várias anomalias em quatro áreas. É bom esclarecer que as técnicas empregadas nesses projetos não revelam diretamente a existência de câmaras ou passagens. Elas apenas mostram anomalias. Uma anomalia é alguma coisa que foge do resultado padrão da técnica que está sendo empregada, seja ela qual for. A seguir essas tais anomalias devem ser interpretadas para serem consideradas construções artificiais, como câmaras e túneis, ou elementos naturais, como fissuras e cavidades da própria rocha.
E mesmo nessa etapa o que existe é apenas uma interpretação dos dados e a confirmação ou não da hipótese só poderá ser obtida através de perfurações, as quais geralmente não são feitas. Atrás das patas traseiras da esfinge as pesquisas da equipe de Dolphin deram sinais de que ali pode haver um túnel alinhado no sentido que vai de noroeste, a direção da própria esfinge, para sudeste.
Outra anomalia existe no centro do lateral sul do monumento e parece indicar a existência de um poço vertical. Há duas anomalias, também, em frente às patas dianteiras da Esfinge, sendo que uma delas sugere umacavidade ou poço que se estenderia até 10 metros de profundidade. Se tal cavidade realmente existir, estará provavelmente cheia com pedregulho.
O relatório dos cientistas assim se expressa a respeito do que foi encontrado: As anomalias de resistividade que achamos ao redor daesfinge não estão suficientemente definidas para permitir quaisquer conclusões com absoluta certeza e achamos que uma pesquisa mais detalhada deveria ser realizada.
No ano seguinte, 1978, as pesquisas foram retomadas. O filho de Edgar Cayce injetou recursos financeiros no projeto e, desta vez, foram levados ao Egito equipamentos de perfuração, compressores de ar e instrumentos ópticos. Tornou-se possível perfurar e inserir câmeras de vídeo miniaturizadas para investigar qualquer anomalia. A equipe realizou uma série de medições acústicas e de resistividade ao redor da esfinge, sob ela, e na área do templo, tendo encontrado várias anomalias.
Foram perfurados cinco buracos com quatro polegadas de diâmetro cada um, sendo que três deles no chão do templo. Um deles parecia promissor, mas quando a câmera foi introduzida tudo o que encontrou foi uma caverna natural. Os outros dois buracos foram perfurados no solo rochoso ao redor da esfinge, onde uma das anomalias maiores foi detectada perto da pata direita da figura. Tudo o que se achou, porém, foi uma rachadura pequena no leito de rocha.
Dolphin afirmou:
Concluímos que não há grandes câmaras, cavidades, espaços vazios ou mesmo preenchidos sob a esfinge, sob a plataforma em que ela se apóia ou sob seu templo. Minha impressão geral é de que toda a área da esfinge não apresenta nenhuma anomalia significativa, a não ser rachaduras secundárias aqui e ali.
Em setembro de 1980 engenheiros do Ministério da Irrigação do Egito mediram a profundidade do lençol freático por sob aesfinge. Para isso posicionaram seus equipamentos de perfuração no meio de um campo de futebol a leste do monumento.
Esperavam ter que penetrar cerca de seis metros e ficaram surpresos quando as brocas entraram pela areia para além de 15 metros de profundidade, quando bateram em alguma coisa sólida. Ficou provado que se tratava de granito vermelho, do mesmo tipo que pode ser visto na antecâmara da câmara do rei da Grande Pirâmide. Esse tipo de granito não é encontrado na área de Gizé e, da mesma maneira que o granito negro que reveste a câmara do rei, tem que ser trazido de Assuão, ou seja, de uma distância de mais de 800 quilômetros.
A suspeita é de que exista alguma espécie de câmara subterrânea. Os engenheiros também avaliam que o leiaute do espaço ocupado pelo granito sugere a existência de um antigo porto. Até hoje não foram executadas escavações nessa área.
Em 1987, uma expedição japonesa dirigida por Sakuji Yoshimura revelou a existência de quatro cavidades sob a esfinge. Radares eletromagnéticos localizaram duas cavidades com quatro metros de comprimento por dois de largura de ambos os lados do monumento, provavelmente ligadas entre si formando um túnel orientado na direção norte/sul.
Uma terceira cavidade com um metro e meio de comprimento, um metro de largura e sete metros de profundidade existiria na altura da espádua direita e seu fundo seria constituído de um material mais duro que o calcário, talvez um metal. Uma última cavidade, menor, com cerca de três metros por um metro e cinquenta centímetros, se encontra sob as patas da esfinge e poderia conter qualquer coisa semelhante a um sarcófago. Segundo a interpretação de vários arqueólogos, as duas primeiras cavidades mencionadas situam-se no local em que existe uma fissura muito grande que corre ao longo de todo o corpo da esfinge. Ela se abre tanto no topo da cintura do animal que uma pessoa pode ser baixada por ela até atingir o nível do solo.
Entre 1991 e 1993, John Anthony West, egiptólogo independente que acredita que aesfinge foi construída muitos séculos antes do que se pensa, o geólogo Robert M. Schoch, professor na Universidade de Boston e Thomas Dobecki, um geofísico texano, fizeram pesquisas no local usando técnicas sismográficas. Eles estavam em busca de evidências de erosão provocada na esfinge em virtude de aguaceiros e acreditam que as encontraram.
Tal tipo de erosão indicaria que o monumento teria sido construído durante ou antes das chuvas que marcaram a transição da África setentrional da última Idade do Gelo para o atual regime árido, uma transição que ocorreu entre 10000 e 5000 anos antes de Cristo.
Detectando eventuais estragos provocados pela infiltração de água de chuvas torrenciais na estrutura do monumento e em suas circunvizinhanças e avaliando a antiguidade de tais estragos, seria possível determinar a antiguidade do monumento em si.
De acordo com West e Schoch, os dados recolhidos mostram que a esfinge não foi esculpida na época de Kéfren (c. 2520 a 2494 a.C.), mas apenas reparada e revestida de granito naquele período; agora, quem a construiu e quando ainda continua sendo uma questão em aberto.
Os pesquisadores também acharam claras evidências de que, escondida na rocha a uns seis metros de profundidade, existiria uma cavidade subterrânea em frente da pata dianteira direita, em formato retangular, se estendendo por 12 metros de comprimento e nove de largura e tendo cinco metros de altura.
A própria forma retangular, segundo eles, afasta a hipótese de se tratar de cavidade natural e enquanto Dobecki acha que ela parece ter sido construída pelo homem, West está convencido de que, em princípio, esse espaço pode ser o Salão dos Arquivos ao qual Cayce se referiu.
Em 1993 as pesquisas desse grupo foram interrompidas, pois as autoridades egípcias não permitiram sua continuidade.
Em abril de 1996, as autoridades egípcias concederam licença para que uma nova equipe, financiada pela Schor Foundation de Nova York e com apoio acadêmico da Universidade Estadual da Flórida, levasse a cabo uma pesquisa com sismógrafos e radares ao redor daesfinge e em outras áreas do planalto de Gizé. A instituição novaiorquina é capitaneada pelo Dr. Joseph Schor, importante sócio da Edgar Cayce Foundation, uma entidade que mantém vivas as idéias de Cayce.
O objetivo oficial das pesquisas era o de ajudar na preservação e restauração das pirâmides e da esfinge. O subsolo do planalto de Gizé foi vasculhado na busca de falhas e brechas que pudessem entrar em colapso e, assim, por em risco a estabilidade de toda a região.
Criou-se uma grande controvércia na ocasião, porque Schor e o Dr. J
oseph Jahoda, outro dos responsáveis pelos trabalhos, afirmaram que teriam sido localizadas câmaras e túneis na frente e na parte traseira da esfinge. O radar detectou o que parecia ser um túnel com aproximadamente dois metros de largura e a uns três metros abaixo da superfície.
Ele emergiria da cauda da esfinge, direcionando-se para ocidente, passando por sob a calçada da pirâmide de Kéfren e indo em direção a esse monumento. Também afirmaram que haviam detectado uma grande cavidade construída pelo homem sob as patas da esfinge.
Ela teria paredes paralelas, cerca de 12 metros de comprimento por sete de largura e se localizaria a 10 metros de profundidade, exatamente no lugar que Edgar Cayce havia indicado.
O radar apontou ainda a existência de um provável túnel que, a partir dessa cavidade, se dirige para cima, interrompendo-se a pouco menos de dois metros da superfície.
Em fevereiro de 1997, outro pesquisador, Boris Said, um produtor de documentários cinematográficos sobre o planalto de Gizé, entrou em um poço já conhecido existente por sob a calçada que ligava o templo do vale ao templo mortuário da pirâmide de Kéfren e, em seu interior, topou com a tampa de um sarcófago presa ao solo.
Como alguns textos antigos se referem ao uso desse material para esconder a entrada de algum túnel ou câmara secreta, ele decidiu investigar melhor. Usando os equipamentos de Thomas Dobecki, encontrou anomalias que pareciam indicar a existência de um novo túnel nesse local, ou seja, na área que fica atrás da esfinge. A
cobertura, que na realidade seria a tampa do sarcófago, teria, aproximadamente, 45 centímetros de espessura e cerca de dois metros e meio abaixo dela haveria um espaço de dois metros e meio de largura, com teto abobadado e inclinação descendente de 25 graus na direção da esfinge. Assim, não estaria afastada a hipótese de que o túnel que sai da cauda da esfinge descoberto por Schor e este, pudessem se encontrar em algum ponto do caminho.
Os trabalhos da equipe do Dr. Schor prosseguiram em novembro de 1997, em fevereiro de 1998 e em setembro desse mesmo ano. Nessa última vez eles foram autorizados a perfurar um pequeno buraco para provar a existência de um eventual túnel no lado leste da Grande Pirâmide. Se isso provasse a existência do túnel, confirmando as leituras do radar, as autoridades egípcias permitiriam uma perfuração na esfinge.
O pesquisador das pirâmides e escritor Robert G. Bauval visitou o Dr. Schor, em outubro de 1998, para conhecer o resultado do trabalho e os futuros planos da Schor Foundation. Conforme relatou do encontro, o entrevistado estava bastante limitado naquilo que podia tornar público em função do contrato firmado com as autoridades egípcias. Mesmo assim foi possível revelar que a perfuração não obteve sucesso. Apesar disso, Schor acreditava firmemente que as pesquisas feitas pelo radar ao redor da esfinge confirmavam a existência de uma rede subterrânea de túneis e câmaras.
Embora em 1999 tenha sido anunciada que seria concedida uma nova licença para a continuação das investigações, isso não ocorreu.
O que ocorreu, em 1999, foi que o Dr. Zahi Hawass, o mais importante arqueólogo do Egito, responsável pela supervisão e controle de todas as escavações naquele país, anunciou a descoberta do que foi chamado de uma simbólica Tumba de Osiris, cuja entrada vemos na foto ao lado. Os blocos de pedra calcária vistos acima da entrada formam a lateral da calçada que ligava o templo do vale ao templo mortuário da pirâmide de
Kéfren. Um programa de TV, levado ao ar no dia 02 de março daquele ano, revelou que, cerca de um ano antes, o Dr. Hawass havia descoberto uma câmara subterrânea no fundo de um longo poço situado não muito distante da esfinge.
O poço era, na realidade, o mesmo que havia sido visitado por Boris Said, mas que agora havia sido explorado em maior profundidade. Ele desce até uma sala retangular em cujo lado oriental existe outro poço. Esse segundo poço desce até outra câmara que, por sua vez, tem um terceiro poço em seu lado leste que leva a uma salão com colunas, cheio de água.
O historiador Heródoto, comentando sobre os arredores da pirâmide de Kéops, fala de construções subterrâneas destinadas a servir de sepultura e realizadas numa ilha cortada por um canal e formada pelas águas do Nilo. O Dr. Hawass acha que Heródoto se referia àquela terceira câmara mais profunda, mas não acha que tenha sido o túmulo de Kéops. No segundo nível foi encontrada uma câmara sepulcral e mais seis salas laterais cavadas na rocha. Aí foram achados dois sarcófagos de granito vermelho, cerâmica, datada de 500 a.C., e ossos. Embora vários pontos tenham ficados obscuros no programa de TV, o que é bastante comum nesses casos, o fato é que as câmaras estão lá.
O mistério continua, mas as pesquisas não param. Que surpresas o futuro nos reservará? será que existem mesmo câmaras ocultas naspirâmides e na esfinge?
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